O ensaio “surge test” é realizado para avaliar curto entre espiras de bobinados. Inicialmente o ensaio era feito em bobinas individualmente na avaliação da isolação entre espiras como controle de fabricação. Hoje usamos também para avaliação de bobinados completos novos ou em operação. É um ensaio que não avalia tendências, mas se está bom ou ruim, tipo passa ou não passa. Neste ensaio é aplicado um valor relativamente alto entre espiras (IEEE 522 e IEC 60034-15), como um “Hipot”, e pode ser destrutivo. Este ensaio não é relevante para as barras “Roebel” de grandes máquinas por serem de espira única.

Quando analisamos a tensão nominal entre espiras de uma máquina, mesmo para equipamentos de grande porte, o nível é baixo e sua operação fica em torno de 100/150 volts/espira. Neste nível, a deterioração elétrica é baixa e as falhas são oriundas das ações térmicas e mecânicas no material isolante. Por estar em contato direto com o cobre, ponto mais alto de temperatura, é o isolante que aquece por primeiro. Outro fator de desgaste são os movimentos por dilatação devidos aos ciclos térmicos na operação. Eletricamente podemos ter uma deterioração proveniente das impurezas do ambiente na qual a máquina está operando.

Temos várias fontes chaveadas inseridas no circuito que podem gerar ondas de surtos de tensão com frente de onda de rápido tempo de subida. Estas ondas, quando alcançam o bobinado, distribuem a tensão (o circuito é visto como um divisor capacitivo) de forma desuniforme e concentram valores elevados nas primeiras espiras da máquina que podem provocar uma deterioração precoce pelo aparecimento de descargas elétricas pelo nível elevado de tensão. Lembramos que esta isolação é feita para um nível baixo de tensão, sendo composta basicamente pelo próprio isolante do condutor (esmalte e/ou fibra de vidro) ou em alguns projetos é aplicado uma camada isolante, mas de apenas uma volta.

Dificilmente a máquinas sai de operação por um curto entre espiras. O que ocorre normalmente é que este curto deteriora o isolamento principal provocando um curto para a terra que faz atuar a proteção.